caras amigas, estranhas caras, desconhecidos tios mortos
e eles me indagarão se é muito longe ainda o outro mundo...
deve – forçosamente – a qualquer instante
formar-se, pobre amigo, uma bolha de tempo nessa Eternidade...
e onde
- o mesmo barman no mesmo balcão,
por trás a esplêndida biblioteca de garrafas,
fonte da nossa colorida erudição -
haveremos de continuar aquela nossa velha discussão
sobre tudo e nada
até
que, fartos de tudo e nada,
desta e da outra vida,
a rir como uns perdidos,
a chorar como uns danados,
beberemos os dois nos crânios um do outro...
até o teto desabar!
(Perdão! Até a bolha rebentar...)
são simples acidentes que chegam de olhos fechados
num jogo de cabra-cega
e
mesmo a morte
é aquela conhecidíssima, aquela antiga brincadeira
de fingir de estátuas...
essas velhas esquinas
para ficarem tão minhas só de as olhar um momento.
Ah! Se exigirem documentos aí do Outro Lado,
extintas as outras memórias,
só poderei mostrar-lhes as folhas soltas de um álbum de imagens:
aqui uma pedra lisa, ali um cavalo parado
ou
uma
nuvem perdida,
perdida...
Meu Deus, que modo estranho de contar um vida!
Enquanto a voz do padre zumbia como um besouro
eu pensava era nos meus primeiros sapatos
que continuavam andando
que continuam andando
– rotos e felizes! –
por essas estradas do mundo.
Inúteis precauções!
Mas, se levares apenas as visões deste lado,
nada te será confiscado:
todo o mundo respeita os sonhos de ceguinho
– a sua única felicidade!
E os próprios Anjos, esses que fitam eternamente a face do Senhor...
os próprios Anjos te invejarão.
estranhas flores que atemorizavam (seriam aranhas carnívoras?) parecia
um texto obscuro com pontuação excessiva;
tudo porque me estavam apontando alguns fios de barba;
e cada fio era uma baioneta-calada contra o mundo:
só
tu
com
a graça aérea de um helicóptero ou de uma libélula
soubeste achar – naquilo – onde o campo de pouso,
soubeste ouvir onde cantava
pura
a fonte oculta...
Só tu soubeste achar-me... e te foste!
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