E a gente esquecendo o que devia trazer,
Trazendo coisas que deviam ficar...
Mas é que as coisas também querem partir,
As coisas também querem chegar
A qualquer parte! – desde que não seja
Este eterno mesmo lugar...
E em vão o Pai procura assumir o comando:
Mas acabou-se a autoridade...
Só existe no mundo esta grande novidade:
VIAJAR!
Uma velhinha por trás da vidraça
Jogando paciência com a chuva que cai...
Tua saudade tem gosto de amora.
O teu beijo tem gosto de pitanga.
Tua orelha num frêmito desnuda-se:
O que seria
O que seria que te disse o vento?!
Os cabelos encaracolados das chamas
Os lisos cabelos do vento
O cabelo rente da grama.
Os grandes pés ausentes dos deuses de pedra
Os pés volantes do medo
Os pés ridiculamente em esquadro dos assassinados.
Os meus dedos em leque onde se incrustam as estrelas
Os meus dedos em grade
Os meus dedos em grade
Os meus dedos em grade, ah, que eu não consigo atravessar!
As poças d’água são um mundo mágico
Um céu quebrado no chão
Onde em vez das tristes estrelas
Brilham os letreiros de gás Néon.
Chuva
Chuva
Chuva
Vontade
Chuva
De fazer não sei bem o que seja
Vontade de escrever Sagesse, de Verlaine
E a tarde gris, tão viúva,
Vai derramando perenemente
as suas lágrimas de chuva
Abundantes
Como lágrimas de fita cômica
Cômica
Cômica
(1925)
Adolescente, olha! A vida é bela!
A vida é bela... e anda nua...
Vestida apenas com o teu desejo.
Arvorezinha crescendo...
crescendo...
crescendo...
Até brotarem dois pomos!
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