A noite dorme um sono entrecortado de grilos.
*
Os fantasmas também sofrem de visões: somos nós.
*
Desconfio muito que
nos dias de nevoeiro
os fantasmas aproveitem para
passear incógnitos pelas ruas.
A menina, esta, tem medo de fantasmas.
Cada vez que um rato corre
mais depressa, ela tapa a cabeça.
Mas fica com os pés de fora.
É o medo ridículo, tocante,
desamparado, o medo de pés de fora.
Se eu fosse fantasma, eu...
Não, não lhe faria nada;
o melhor do susto é esperar por ele.
E um dia os homens descobriram que esses discos voadores estavam observando apenas a vida dos insetos...
- Mas aquelas mocinhas lá embaixo, naquela sala grande, não estão rezando?
- Não, meu santo, estão mastigando chiclete.
Se a casa é para morar, por que a porta da casa se chama porta da rua?
Na volta da esquina encontrei um dragão.
- Que belas escamas, senhor dragão! Que luminosidade laquê! E as chamas que deitais por vossa goela têm o colorido e o movimento de um balê! E que padrão heráldico, Excelência, que...
O dragão saiu se reboleando.
Um macaco que falasse com voz de papagaio...
Há palavras verdadeiramente mágicas. O que há de mais assustador nos monstros é a palavras “monstro”. Se eles se chamassem leques ou ventarolas, ou outro nome assim, todo arejado de vogais, quase tudo se perderia do fascinante horror de Frankenstein...
Também me lembro que quando eu era gurizote e briguei mais uma vez para sempre com a Gabriela, deixei-a ali na praça (era domingo, depois da missa) e fui passar pela sua casa, pela sua calçada, pela sua rua...
Não sou mais que um poeta lírico,
Nada sei do vasto mundo...
Viva o amor que eu te dedico,
Viva Dom Pedro Segundo!
Senhor! Que buscas Tu pescar com a rede das estrelas?
Cruzeiros, Carros, até a Ursa, a maior e a menor, a
Cabeleira de Berenice, a Lira, a Balança, o Cão... quanta
bobagem descobriram no Céu esses astrônomos birutas!
Eu, de ignorante, quando olho o Céu, não vejo nada
disso. Apenas vou traçando o teu nome com as estrelas.
Não há nada mais triste do que o grito de um trem no
silêncio noturno. É a queixa de um estranho animal
perdido, único sobrevivente de alguma espécie extinta,
e que corre, corre, desesperado, noite em fora, como
para escapar à sua orfandade e solidão de monstro.
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