Blog criado no dia 15 de janeiro de 2008
O QUE HÁ NESTE BLOG?
Neste blog encontraremos esquinas, relógios, anjos e telhados. Nele haverá escadas e degraus, canções, ruas e ruazinhas, rãs, sapos, lampiões e grilos. Muitas vezes surgirão gatos, solidão, mortos e defuntos, pássaros, livros, noites e silêncios, ventos, reticências e fantasmas. E poesia, quando o Poeta abrir a sua alma e deixar que do mais íntimo do seu ser, brote em abundância todos os sentimentos que os comuns mortais escondem ou dissimulam por medo de se mostrarem como são. Então ele falará de velhos casarões, de calçadas, janelas, armários, jardins, luar e muros floridos. O Poeta contará historias da cidade que ama, de espelhos, de quartos, bondes e sapatos. De brinquedos, barcos, arroios, cataventos e guarda-chuvas. E de seus baús resgatará os retratos das princesas e das amadas, numa ciranda infindável de doces e ternas reminiscências que nos encantam e comovem enquanto brinca com suas girândolas. E a homenagem singela de um admirador ao Poeta inigualável, sempre externando candura e encantamento enquanto nos revela em plenitude a ternura de seus poemas.
21 janeiro 2008
- XX -
Era um grande nome – ora, que dúvida! Uma verdadeira glória. Um dia adoeceu, morreu, virou nome de rua... E continuaram a pisar em cima dele.
Conversa de cemitério
- Como vai você aí, vizinho?
- Oh! Em excelente estado de putrefação.
Esvaziamento
Cidade grande: dias sem pássaros, noites sem estrelas.
Trecho de carta
As palavras de gíria, isso não tem grande importância, meu caro professor: tão logo aparecem, desaparecem.
O pior são essas idéias de gíria...
A poesia é necessária
Título de uma antiga seção do velho Braga na Manchete. Pois eu vou mais longe ainda do que ele. Eu acho que todos deveriam fazer versos. Ainda que saiam maus, não tem importância. É preferível, para a alma humana, fazer maus versos a não fazer nenhum. O exercício da arte poética representaria, no caso, como que um esforço de superação.
É fato consabido que esse refinamento do estilo acaba trazendo necessariamente o refinamento da alma.
Sim, todos devem fazer versos. Contanto que não venham mostrar-me.
Poeminho do contra
Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
Da irresistível beleza
O leão é um animal tão belo que ser devorado por ele é melhor do que ser devorado por um crocodilo... Diante de sua arremetida, bem sei que se pode morrer de puro medo... porém nunca de horror.
Imagem
Haverá ainda, no mundo, coisas tão simples e tão puras como a água bebida na concha das mãos?
(“Na Volta da Esquina” – Editora Globo, Porto Alegre, 1979)
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