E como eu passasse por diante do espelho
não vi meu quarto com as suas estantes
nem este meu rosto
onde escorre o tempo.
Vi primeiro uns retratos na parede:
janelas onde olham avós hirsutos
e as vovozinhas de saia-balão
como pára-quedistas às avessas que subissem do fundo do tempo.
O relógio marcava a hora
mas não dizia o dia. O Tempo
desconcertado,
estava parado.
Sim, estava parado
em cima do telhado...
como um catavento que perdeu as asas!
(“Apontamentos de História Sobrenatural” – Ed. Globo, 1977)
Nenhum comentário:
Postar um comentário